Concordo com Míguez Bonino, quando afirma que a missão é o centro da igreja, como também da teologia. O tempo que a América Latina não produzia teólogo e nem teologia, levou muitos cristãos a terem aversão à teologia. Ser teólogo era ser frio, sabichão, e a teologia levava o cristão ao farisaísmo.
Mas quando o projeto evangélico de missão invade a América, reconheceram a importância da teologia. Hoje entendemos que missão da igreja de Cristo, é tarefa da teologia evangélica. Sou antagônico de Míguez Bonino no tocante à teologia da libertação. O próprio texto se encarrega de dizer que a comunidade de fé protestante não participou nem participa da teologia da libertação.
O protestantismo que veio da Europa ou da América do Norte chegou à América Latina realmente como diz Bonino, chocando as culturas, religiões, raças e todos os seguimentos da sociedade. A princípio era mais uma novidade, com o passar do tempo, e o progresso, se tornou fator preocupante das lideranças e do governo. Isso porque de acordo com Bonino, as críticas ao clero, às forças sociais, aos valores invertidos, levou o povo a tomarem atitudes e posições contrárias, querendo melhorias e participação.
Em respostas às perguntas difíceis de responder, o protestantismo causou mudanças, a igreja era e é um lugar de liberdade, onde aprendemos a santidade (separação) de todos os ditames do mundo. As pessoas que vem fazer parte da igreja tem uma vida nova. Eis aí a verdadeira libertação, em primeiro lugar, libertar o homem da escravidão pecaminosa. Aqui está a divergências entre os teólogos da libertação, e os teólogos protestantes.
A teologia da libertação leva ao pé da letra, quando insiste em dizer que a libertação é dos pobres, dos que vicem às margens. A luta excessiva pela igualdade social diverge da teologia bíblica. Veja nas palavras de Jesus: “Porque sempre tendes os pobres convosco, e podeis fazer-lhes bem, quando quiserdes;” (Mc 14.7). Sempre haverá pobres, nunca nesta dispensação iremos ter a igualdade social. Todavia isso não quer dizer que vamos cruzar as mãos, e nada fazer pelos pobres, porque podemos fazer o bem quando quisermos a eles, e sempre queremos exercer a caridade.
Quero falar de dois pontos importantes citados no texto. O primeiro é a ideologia explicitamente marxista. O segundo é o de chamar os oprimidos e explorados a assumirem sua própria libertação. Penso que a teologia da libertação tem confundido pobre com proletariado, rico com burguês, pecado com opressão. Concordo em parte com Rubem Alves, quando apresenta uma mensagem bíblica sobre Deus que atua na história para transformar o mundo. Essa transformação começa no interior, para depois transformar também o meio em que o indivíduo vive.
Bonino afirma que Deus quer salvar as pessoas e claramente se posiciona ao lado dos pobres. A maneira como Bonino fala da pobreza e do trabalho, é semelhante ao olhar crítico de Karl Max. E Max não tinha razão em tudo, e seus postulados à luz da Bíblia contém inúmeras falhas. Por isso discordo de Bonino em muitas coisas. Deus não fez preferência pelo pobre, mas pelo homem, seja ele pobre ou não. Deus amou e salvou pessoas de todas as classes. A única distinção de pobre para rico foi no amor às riquezas. Mas Jesus esteve com ricos e pobres, ama e quer salvar a todos sem preferência.
Todavia concordo com Bonino quando acrescenta que devemos assumir a história de Cristo como nossa isto é: Devemos assumir a cruz, o gólgota, a tumba etc. O reino de Deus começa no nosso interior, na nossa aceitação do sacrifício de Cristo. O reino começa quando alcançando as almas, trazendo a elas a libertação espiritual e fazendo a nossa parte social. Ajudar as pessoas menos favorecidas é dever de quem faz parte do Reino de Deus. No entanto transformar a classe pobre, acabar com a burguesia, são apenas teorias que ainda não deram certo. Claro que quem faz parte do reino luta contra a desigualdade social e todas as mazelas que assola os humanos.
Míguez Bonino definiu bem a vocação da igreja, no final do texto. Ela foi instituída para a proclamação da salvação, perdão dos pecados e a santificação. A igreja é um sinal da graça e da bondade de Deus. Temos uma tarefa no mundo, mostrar que existe esperança, mudanças e vida transformada. A verdadeira missão da igreja é levar Cristo para a vida das pessoas. Bonino defende o ecumenismo como a ponte para uma missão concreta, ou para uma missão eficaz. Não concordo com o ecumenismo. A igreja primitiva teve sucesso na evangelização sem a inserção do ecumenismo. O protestantismo cresceu na América sem os caprichos do ecumenismo. Não creio que o ecumenismo seja o fator crucial para o sucesso das missões.
O finalizo com as ponderações de Bonino sobre o amor dispensado aos pobres, aos que vivem às margens. O amor de desejo de mudança desejo de ver essas pessoas felizes e com esperança. Claro que não devemos apenas dizer a elas que Deus os ama. Além de oferecermos a salvação em Cristo, devemos fazer a obra social, lutar por melhorias financeiras. Mas isto não é a prioridade da igreja. Fazendo a parte social não significa que vamos mudar a classe pobre, levar a classe baixa para a média.
Resenha do texto de Prof. Roberto Zwetsch
Ev.Geziel Silva Costa
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