Minhas Reflexões do livro:
ARIES, Philippe. História social
da criança e da família, p. 225-271
Durante os séculos XVI e XVII a
família se transformou devido a mudanças na relação com a criança,
principalmente nos ingleses faltava afetividade com suas crianças. Nesse
período as crianças de sete ou nove anos aprendiam na casa dos outros. A aprendizagem
era através dos serviços gerais. A troca de crianças entre as famílias inglesas
era comum, enquanto a família italiana achava este costume desumano. De um modo geral o ensino era confiado a seu
mestre que aprendiam o dever de servir bem. O serviço doméstico para as
crianças como aprendizagem era tão estimado pelas famílias que havia diversos
poemas exaltando o bom servidor. Lavar as louças, limpar a casa e arrumar a
cama eram como se fosse um estágio para os próximos serviços.
Os professores deveriam manter o
celibato, uma vez que em sua casa receberiam crianças para instrui-las conforme
um processo de 1677. Os meninos viviam separados das meninas. Os recém-nascidos
eram enviados para a casa de suas amas. Desde os séculos XVII, mesmo antes de Rousseau,
os educadores moralistas ensinavam suas mães a cuidarem de seus filhos. Porque
quando as amas não tinham leite os bebes recebiam leite de vaca sem
higienização. Posteriormente as amas de leite passaram a conviver na casa da
família, evitando assim o envio de crianças e o distanciamento das famílias.
Próximo ao século XV, a
aprendizagem se torna mais pedagógica. O ensino da caça, o uso de armas e
outras aprendizagens tornam-se metódica. Não havia divisão das faixas etárias
como estamos acostumados. As crianças eram consideradas adultas em miniaturas e
aprendiam a arte da guerra. A convivência das crianças com os adultos e velhos
geravam experiência e aprendizagem e maturidade nelas. O envio dos filhos às
demais casas para a aprendizagem doméstica, e receber outros filhos nas suas
casas, a família não desenvolvia muito a afetividade com seus filhos. A
realidade das famílias com as crianças eram mais moral e social que
sentimental, as famílias mais ricas primavam pelo nome e a honra familiar. A
partir do século XV, a realidade escolar para as crianças passou a ser mais
manifesta. A escola não era apenas dos clérigos, mas ela marca a passagem da
infância para à juventude e os educadores tinham o rigor do ensino da moral
isolando a juventude do mundo imoral dos adultos.
As famílias começam a desenvolver
a afetividade com as crianças neste período, e já não enviavam mais seus filhos
a outras famílias, mas começam a cuidar e ensinar seus próprios filhos. As
escolas eram distantes e o período que as crianças passavam no colégio era
menor que a aprendizagem cotidiana. Os mestres eram os responsáveis por
acompanhar sempre a criança que às vezes dormiam na casa do seu preceptor. Nos
meados do século XVII a afetividade torna-se mais presente entre as famílias e
seus filhos que passam mais tempo em casa. As meninas ainda demoram em ir à
escola e permanecem em casa na aprendizagem cotidiana. Pelos séculos XVIII e
XIX elas começam a frequentar as escolas. Não devemos esquecer que a
escolarização antes era prioridade das camadas média da hierarquia. A alta
nobreza é que antes eram escolarizadas.
Por volta do século XII até o
século XVII o filho primogênito era preparado para herdar sozinha a herança do
pai, para manter o nome da família e o valor social que implicava nos bens. Os
demais filhos eram preparados com a impossibilidade de disputar com o irmão
mais velho porque o pai temia que a partilha da herança entre os demais filhos,
enfraquecia o patrimônio da família, perdendo o prestigio social e o nome da
família. Entre o século XVII os moralistas educadores começam a contradizer
esse conceito. O abade Goussaut afirma que há na verdade uma injustiça com os
filhos menores dessas famílias neste tempo e questiona: O que fizeram os filhos
para merecerem injustiça? E muitas vezes as famílias encerravam seus filhos nos
mosteiros às vezes sem a vocação e contra a vontade dos mesmos. Mesmo com as
opiniões contrárias como a de Villele no inicio do século XIX a família
sentimental se destaca. A família casa tinha um conceito de empresa
independente e se torna menos interessante neste momento.
Era ensinada nessa ocasião que o
êxito material e bom emprego eram uma boa reputação, o bom nome da família, a
amizade e a harmonia que eram sinônimos de sucesso, diferentes dos conceitos de
hoje. Também as discussões da alfabetização em casa em contraposição a educação
publica e particular eram temas da época. Havia críticas sobre a escola, alguns
defendiam a aprendizagem doméstica, que consistia em apender bons modos e
comportamentos, em vez da escola que ensinava a leitura e as crianças estavam
sujeitas as impurezas e de tornarem-se maliciosas. Os críticos diziam que as
crianças aprendessem com a vida que com os livros, pois o grande livro da vida
é o mundo. Por ser a escola um fenômeno recente, durante o século XVII
existiram muitas críticas a ela.
Havia os que defendiam a escola
como De Grenaille admitiam que a escola ensinasse a socialização, o falar em
público e o convívio social. Os tratados de civilidade como os bons modos à
mesa, alguns conceitos de etiquetas e o comportamento diante de seu senhor, as
regras de moral, o pensar ativo e as ações eram tratados ensinados com
dedicação. Os tratados de regras de amor enfatizava o tratamento com a mulher,
a bondade e respeito, também ensinava a preservação da amizade. Todos estes
tratados iniciavam o jovem ou a dama para a vida em sociedade. Os bons pedagogos
ensinavam não somente a leitura, mas as boas maneiras, os bons gestos, caminhar
corretamente etc.
Outro tratado de 1671 era mais
orientações aos pais quanto ao comportamento das crianças, se desobedecessem
aos mais velhos, cometessem maus tratos com os criados, os pais deveriam
corrigir com repreensão e lições de moral. Quando o comportamento era ótimo, e
as crianças obedecessem, os pais deveriam elogiar. No caso de roubo de uma
mentira ou algo mais grave, era recomendada a surra com vara, a punição para o
arrependimento e bom comportamento. Nas cidades o relacionamento das pessoas
eram nas praças, nas ruas elas se encontravam para um bate papo ou qualquer
outra conversa corriqueira.
Alberti faz uma análise das casas
dos quartos e das camas nos séculos XVII. As camas eram desmontáveis, os moveis
não eram caros. O quarto era local de descanso, mas às vezes não era só o casal
que usava o quarto, mas também os velhos descansavam, as mães davam a luz, os
velhos morriam e também era lugar de meditação. Existia a casa grande e as
pequenas. O conceito de casa grande, é a quantidade de pessoas, se houvessem
muitos membros e criados, a casa era considerada grande.
Da família Medieval à família
moderna, os pais não mais mandavam os filhos para famílias estranhas, mas a
afetividade agora estava presente entre os membros, às famílias ajudavam os
filhos nas atividades escolares, o cuidado com a saúde era mais autentico neste
período. Os séculos XVI e XVII mudaram a situação das crianças junto as suas
famílias.
Geziel Silva Costa
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